Com o Dark Knight fazendo grandes coisas nas
bilheterias pelo mundo, agora é tão bom como nunca para fazer um artigo como este,
em que eu fui juntando percepções, tanto minhas como de outros, em torno das
últimas semanas. Minha inspiração inicial para esta obra veio dos tópicos
de comentários sobre as várias notícias dos multiversos quadrinhescos que
relatam a "controvérsia" em suas recentes edições: os reboots, as
questões sexuais amplamente discutidas atualmente nas HQs e, como também, as
demais questões éticas e morais constantemente presentes. Para aqueles de vocês
que precisam de maiores exemplos, lembro-me de um caso em especial e não tão
distante assim de nosso cotidiano: uma edição comemorativa de Superman em
Action Comics # 900. Para aqueles de vocês que perderam ou não estão
familiarizados com a história, basicamente nessa edição histórica, Superman
promete renunciar à sua cidadania dos EUA de modo que suas ações no exterior
não deveriam ser interpretadas como ações exclusivas dos EUA e que no regime atual do mundo globalizado, ele deve servir e proteger, como cidadão do mundo.
De qualquer forma, muitas fontes
conservadoras criticaram que esta "maneira liberal" se tratava, como
alguns afirmaram, de "lavagem cerebral para os nossos filhos." Em
todo o caso, os tópicos de comentários sobre essas histórias, como os tópicos
de comentários em cada história, a grande mídia tem relatado quanto aos quadrinhos
mais recentes (assassinato do Capitão América, troca de roupa da Mulher-Maravilha,
o Super- Homem renovado), estavam carregados de falsas suposições de leitores de
notícias casuais que nunca, ou pelo menos não nos últimos 30 anos, leram uma
boa história em quadrinhos (assim como os relatórios dessas histórias).
Então, o que se segue são algumas
tentativas de corrigir certos pressupostos gerais falsos que os não-fãs de HQs
fazem sobre HQs e os multiversos quadrinhescos em geral.
As crianças compõem a maior
parte da platéia das HQs
Excessões sempre existem!
Aqueles que se preocupam que a indústria
quadrinhesca tenha um plano nefasto para fazer lavagem cerebral em crianças com
o intento de transformá-las em propensos “hippies liberais” não preciso lembra-los
para esquecer tal bobagem, porque os menores de 18 anos constituem um canto
muito pequeno de leitores de quadrinhos. Embora as estatísticas reais retiradas
de pesquisas sobre o assunto não são um poço profundo, a maioria dos dados de
qualquer pesquisa desta espécie apontam que a maioria dos leitores de HQs se
encontram com meados de vinte e tantos anos; 28 surge como o "leitor
médio" em muitas fontes, mas os argumentos poderiam ser facilmente feito
para os de trinta e poucos anos estar mais perto da verdade. Independentemente
disso, os menores de 16 anos não se enquadram nem mesmo numa fração notável da
base de leitores de quadrinhos. Vá em qualquer loja especializada de HQs nos
EUA e em nossa maiores capitais (por motivo de serem quase inexistentes em
outras localidades desse Brasil, triste realidade) que provavelmente você vai
encontrar leitores de 20, 30, 40 e 50 anos de idade espalhados. Há uma série de
razões para isso, algumas boas outras ruins:
·
Positivamente, isso significa que os editores de quadrinhos têm
conseguido manter uma certa audiência sobre uma porção de tempo ou, pelo menos,
capaz de atrair "clientes de retorno" para começar a seguir as
aventuras de personagens em um meio que provavelmente encontrou pela primeira
vez na adolescência. Além disso, por causa disto as sagas quadrinhescas tiveram
por objetivo contar histórias que os leitores mais velhos querem ler, assim
escritores, até mesmo do "gênero" juvenil, de quadrinhos, muitas
vezes encontram maneiras mais maduras, pensativas, ou pelo menos adultas de deixar suas histórias mais emocionantes;
·
Negativamente, a razão pela qual mais crianças não estão lendo é
porque os quadrinhos são vendidos através de um sistema direto de mercado:
editoras de quadrinhos vendem através de um distribuidor de terceiros, que vedem seus produtos para lojas de
quadrinhos, que vendem os quadrinhos para os leitores. Este tem sido o principal
modelo desde os anos 80, e cada vez mais a loja local de quadrinhos (com a
concorrência mais recente de opções diretas de mercados online, mas ainda pouco
explorado aqui por terras brasileiras e ainda mais pelo público infanto-juvenil)
tornou-se o único lugar para comprar a maioria dos títulos em quadrinhos.
Lembre-se dos suportes giratórios em
livrarias, supermercados, postos de gasolina, etc? Quando foi a última vez que viu
um desses? A maioria das lojas locais não especializadas em quadrinhos não vendem
mais quadrinhos e a menos que os pais ou antecessores familiares fossem leitores,
a maioria não vai levar os filhos à loja para inicia-los nos multiversos
quadrinhecos e se o fizerem, provavelmente vai perceber que muitos desses
lugares não são exatamente comuns para uma plateia infanto-juvenil menor de 16
anos de idade.
Quadrinhos são apenas sobre super-heróis
Filmes recentes baseados em histórias em
quadrinhos certamente mostram que super-heróis são, sem sombra de dúvidas, as
estrelas dos quadrinhos Thor, Batman, Homem de Ferro, etc. No entanto, alguns
grandes filmes nos últimos anos que não tratam sobre super-heróis foram também
baseados nas HQs como: V de Vingança,
Ghost World, Persepolis, Estrada para
Perdição, apenas para citar alguns. Mas, de certo, que os heróis são o foco
principal da maioria das HQs que forram as prateleiras de qualquer loja
especializada em quadrinhos e suas façanhas heroicas tomam quase a totalidade
do "mainstream" quadrinhesco.
No entanto, ao arranhar um pouco abaixo da
superfície você encontrará uma certa dose de criatividade e riqueza de
variedade. Um grande exemplo são as HQs do selo, publicado como da DC, Vertigo, que distribui assunto de ponta
e partilha dos novos talentos com o poder e o apoio de uma empresa
convencional. O selo Vertigo nos concedeu alguns dos melhores e mais inovadores
trabalhos na história dos quadrinhos: o premiado épico high-brow literário de The Sandman, o neo-noir impecavelmente
traçado implorando-para-um-adaptação da HBO 100 Bullets, o distópico questionamento sexual de ação aventura Y - O Último Homem, o pregador e desafiador
Northlanders com sua mitologia
religiosa, e os atuais, mas nem por isso deixando de serem clássicos, Scalped e The Unwritten para citar apenas alguns. Artistas e escritores que
passaram a grande aclamação e excelência criativa nos quadrinhos, cinema e
literatura, tais como Neil Gaiman, Warren Ellis, Alan Moore e Brian Azarello contribuiram
todos no trabalho precoce do selo Vertigo. Depois, há a miríade de títulos assinados
por vários editores independentes que podem ser de natureza atenciosa,
desafiadora, desde complicados envolvimentos românticos (Strangers in Paradise) ou até tendendo para fantasmas, assassinatos
e mistérios (Locke and Key), ou
ainda que se concentram em jovem tentativas de crescscimento artístico e tendem
a adentrar nos mais próprios patamares do
detalhamento das cenas geográficas, nos minuciosos detalhes e de requintada perícia
em descrever cada cidade ao longo do caminho.
"Verdadeiros"
escritores não escrevem HQs
Definir "verdadeiro
escritor", pelo menos para mim, cai no descrédito. Independentemente
disso, você tem escribas quadrinhescos que ganham supremos elogios no meio e vão fazer o
mesmo com romances, contos e roteiros (Neil Gaiman), você tem roteiristas e
escritores que tentam os meios quadrinhescos e conseguem grandes resultados
(Joe Hill , Brad Meltzer, Joss Whedon). Então você tem grandes escritores do
passado e do presente, que apenas sabem como contar uma grande história e
encontraram o melhor meio de fazê-lo nos quadrinhos, independentes ou
mainstream (Geoff Johns, Grant Morrison, Gail Simone, Will Eisner, Art
Spiegelman , etc).
Todos leitores de HQs parecem e agem como o "Comic Store Guy" dos Simpsons
HQs são essas coisas no jornal
Portanto, não se tratam de HQs
em seu formato original. Seu objetivo principal é obter essas pessoas
diferentes que lêem todas as variedades de quadrinhos nos parques, bares, metrôs,
etc lê-los na frente do público em geral para deixar as massas que não sabem ou
que não estão acostumadas a entender uma idéia melhor da variedade inerente
tanto neles e em sua base de fãs. Não se tratando da mesma coisa, mas faz uso daqueles
métodos parecidos com a narrativa gráfica, mas trata-se de algo muito mais
primitivo. Algumas tiras e certos criadores que produzem aquelas faixas que se
destacaram no meio fazem dessa uma forma de arte "primitiva"
clássica, duradoura e alfabetizada (Peanuts,
Doonesubury, etc), mas a parte
"engraçada" não é a mesma coisa que o romance gráfico. Oh, bobagem e
como o circulo do gênero e até mesmo o lado profundamente engraçado agora não
são tiras de quadrinhos mesmo um painel único, sem movimento é a sua própria
forma de arte.
HQs são um meio derivado
Contar histórias com imagens através do
meio quadrinhesco é uma tomada artística como nenhum outro, pois eles não são
"livros ilustrados" e a história que você lê em um livro ou assistir
na telona dos cinemas não podem fazer as coisas exatas que uma história em
quadrinhos é capaz. Tanto que estes outros meios podem contar histórias, de uma
forma igualmente boa (ou tão ruim), como uma história em quadrinhos, eles
apenas não podem contar a história da maneira exata que uma história em
quadrinhos pode. O Filme, mais do que qualquer outro mei, é o que mais se
aproxima na medida em que também conta uma história com palavras e imagens, mas
os quadrinhos são como filmes sem orçamento e sem outra limitação para a
imaginação do autor e artista. Scott McCloud escreveu uma maravilhosa graphic
novel de não-ficção (Understanding Comics) que explora esta questão de que os quadrinhos são feitos e
como eles funcionam como um meio. Ele leva de forma brilhante os leitores
através das ferramentas que os contadores de histórias gráficas têm à sua
disposição.
Nem
todos os quadrinhos empregam todas essas ferramentas, mas os melhores fazem com
genialidade sem igual; quadrinhos se tratam de como fazer as imagens mover-se
em sua mente, e muitas vezes a ação que ocorre entre os painéis. Eles nos aproximam
da relação entre o escritor e o artista, encontrado em grandes parcerias,
quando as cenas que um escritor idealiza são trazidos à vida, emolduradas e
detalhadas para uma audiência. Quadrinhos podem trabalhar de maneira fluida e
rápida ou lentamente, atento ao pormenor, ou mesmo um vai-e-vem entre os dois.
Podem dizer-lhe toda uma história ou fazer você esperar. Eles podem direcionar
onde você coloca os seus olhos eo que você vê lá. Eles podem fazer mais do que
qualquer outro meio visual quando eles são realmente produzidos por artistas no
topo de seu jogo.
HQs são baratas e descartáveis/Comics são coleções valiosas
Mas já encontrei muitas lojas que oferecem
descontos para assinantes e opções on-line você pode economizar uma tonelada de
dinheiro, mas se você quiser a experiência (como a minoria faz) de ir até a
loja para pegar seus novos títulos, para lê-los, como eles saem
em parcelas, esperando para ver o que vai acontecer, e conversar sobre eles dentro desse círculo seleto de consumidores, você está indo gastar "alguns" dólares
para fazê-lo e ainda se você não planeja mantê-los para reler, e desfrutar
mais tarde, então você está pagando para um uso "one-time" de cada um dos
quadrinhos que mesmo quando lido com cuidado e corretamente irá tomar todas de
15 minutos por revista apenas concluo que VOCÊ TEM MUITO DINHEIRO PARA ESBANJAR dessa maneira.
Por outro lado, uma boa maneira de nos entregarmos ao nosso prazer quadrinhesco "barato
e descartável ", está no mercado maciço de alta qualidade de comércios e
coleções, sendo por selos menores (novamente o caso da Vertigo) ou não.
Quer uma capa de couro, costurada e completa de suas
séries favoritas em um formato grande, com cópia remasterizada a partir dos
anos 50 ou mesmo no ano passado?
Provavelmente, você pode encontrá-lo (mesmo que seja muito difícil), ele
ficará muito bem em sua prateleira, que irá realizar-se como muitas leituras
como você deseja, e ele vai funcionar como um grande empréstimo para amigos que
compartilham do seu hobby, mas espere por pagar um preço justo pela sua aquisição.
Não quer pagar para as prestações mensais do
seu título e não está preocupado com a permanecia no círculo do diálogo e da
especulação sobre as parcelas mensais? Então mantenha uma a calma e espere, você
pode encontrar uma coleção de bolso barata e completa de qualquer título que
deseja que irá entregar a história apenas como divertida, mas por uma fração do
custo total.
HQs são misóginos ou sexistas
Há grandes histórias
em quadrinhos de todo, passado e presente; alguns mainstream, alguns alternativos, certos Sci-fi's, algum escapismo puro e bobo e entre tantos outras vertentes. Se você só
gosta de "liberais" ou os títulos com um mote "respeitável", tudo bem.
Mas não condenem a maioria dos títulos como "sexista" e muito menos
"misógino" só porque eles não são a sua base de preferência.
Primeiro,
misógino é uma palavra forte implicando a degradação, a violência contra as
mulheres, e um ethos de clube machista de superioridade sobre o outro sexo. Eu não
acho isso em HQs, nem no mais mainstream, como qualquer base sustentável de argumentação.
Então vamos com
"sexista". Esta afirmação é desenhada basicamente a partir da obra de
arte que descreve desenhos coloridos de mulheres com "exagerada"
formas femininas, roupas apertadas (ou menos), aquilo certamente mais comum no gênero super-herói.
Portanto, se a alegação é que isto só os torna
sexista ou degradante, suponho que não há muito o que argumentar para contrariar
isso. Mas trata-se de uma hipótese falsa dada à análise feita superficialmente, pois tudo nos quadrinhos de
super-herói é desenhado em formas exageradas; certeza que a
maioria das mulheres não se olham ou se vestem como Mulher-Maravilha, mas que a
maioria dos homens olham ou se vestem como o Superman? Dificilmente. Suas formas
físicas são em grande parte inacessível para ambos os sexos isto porque os
quadrinhos de super-heróis são pura fantasia. Tratando-se apenas de uma parcela de ficção, nada além, mas que no entanto cria uma atmosfera suscetível ao preconceito e extremismos, exemplo claro e latente foi a modificações de certas origens e enredos de personagens que tendiam ao homossexualismo. Particularmente sou contra a tal modificação, pois se trata de algo brusco e completamente fora do comum (no que concerne a trama da narrativa) para os leitores que acompanhavam a sequência dramática da trama de uma forma diferente. Mas se pensarmos num plano mais global, sou a favor de uma mudança dos pontos de vistas menos acurados sobre as HQs, derrubando qualquer tabú quanto ao gênero ou preconceitos.
Em todo caso, espero que tenham apreciado esta explanação de variados fatores sobre os multiversos quadrinhescos e sua repercussão entre os fãs e não-fãs de HQs.
Até a próxima!!!