Um dos
maiores escritores de quadrinhos de todos os tempos é Alan Moore, algumas de
suas obras, mesmo depois de anos, ainda podem ser consideradas inovadoras. Em
muitas de suas obras esse autor aborda temas que para muitos são apenas um pano
de fundo para historias de heróis, mas quando analisadas com mais afinco
percebemos uma certa filosofia escondida atrás delas. Muitas dessas historias
se tornaram obras primas justamente por essa visão mais profunda de certos
temas. Nesse post vou tentar mostrar um pouco dessa visão mais profunda em
algumas dessas obras e para tal escolhi as obras “Watchmen”, “V de Vingança” e
“A Piada Mortal”.
Em
“Watchmen” há muitas questões abordadas, mas uma que me chama muita atenção é
uma questão implícita na forma em que essa grande obra é concluída. No plano
colocado em pratica no final da historia temos um ato que muitos poderiam
considerar de terrorismo por conta de um dos heróis, porem esse ato que
desencadeia na paz estabelecida ao final da historia. Então entra a questão,
será que ao matar milhões de pessoas para salvar bilhões, o homem que o fez
poderia ser considerado um herói? E aqueles que descobriram todo o ocorrido e
preferiram se omitir, são cumplices em seu terrorismo/heroísmo? Aquele que
tenta ir contra e expor o plano mesmo que com isso pudesse causar a retomada do
medo da terceira guerra mundial seria o verdadeiro herói ou o verdadeiro vilão
da historia? Assim temos algumas questões muito delicadas de atitudes éticas a
serem tomadas. Talvez essas indagações propostas pelo autor que tenham tornado
essa historia uma das obras primas do mundo dos quadrinhos.
Já em “V de
Vingança” temos uma questão mais politica e social proposta com a
problematização do governo autoritário e da repressão ao direito de ir e vir da
sociedade. Será que a sociedade seria realmente a culpada pela própria perda de
liberdade que sofre ao se abster de confrontar o seu próprio governo, ou ela
não teria escolha a não ser aceitar calada essa situação? Isso só poderia
ocorrer da forma que é exposta nessa historia ou a sociedade atual onde vivemos
poderia sofrer o mesmo no futuro, se é que já não está sofrendo, mas de uma
forma velada? O personagem “V” nos quadrinhos não é uma simples mascara de Guy
Folkes, mas sim um ideal de liberdade que parece ter sido perdido nos dias de
hoje onde o governo reprime a sociedade de varias formas e essa se mantem
calada. Então uma sociedade, como vemos nessa historia, não seria algo tão
fantasiosa assim.
Por ultimo
temos na “A Piada Mortal” a questão da loucura. Aqui o autor expõe essa questão
de uma forma bem explicita, através dos diálogos do Coringa. Colocando em
questão o que leva uma pessoa tida como sã a perder sua sanidade e se tornar
um louco sem esperanças de recuperação? Será que basta um dia ruim para que
qualquer um perca totalmente a sanidade? E quem são os verdadeiros loucos,
aqueles que sucumbem a atos de loucura ou aqueles que mesmo em meio a um mundo tomado
por estupradores, pervertidos, corruptos, governantes que não se preocupam com
a sociedade que deveriam defender, fome e guerras, acham que está tudo normal e
seguem suas vidas como se nada estivesse fora do lugar? Essas são algumas das
muitas questões que podem ser lidas explicita ou implicitamente nessa historia.
Com isso
vemos uma ótima abordagem filosófica nessas historias em que um autor
utilizando personagens fictícios consegue expor dilemas muito criveis e ligados
ao nosso mundo de modo a nos por a questionar sobre o modo como vivemos.
Yuri Araujo
Ótimo post, Alan Moore realmente tem um jeito diferente de ver o mundo
Alan Moore é um gênio... Ele tem um modo totalmente diferente de ver o mundo... Suas obras sempre nos levam a refletir sobre temas que antes nos pareciam óbvios, mas que subitamente tornam-se questionáveis diante dos argumentos desse gênio.