Review: Elektra: Assassina – Marvel Comics


Trouxe na ultima vez a vocês um review de A Liga Extraordinária, de Alan Moore, considerado um dos mestres roteiristas dos quadrinhos. UM DOS, porque há sim vários. Não falarei somente de suas obras em minhas revisitações, mas certamente essas obras primas não podem ficar de fora. É como ir ao Louvre e olhar obras de outros artistas “menores” e não ir ver a Monalisa.

Desta vez a obra prima que trago a tona, foi lançada há 26 anos (em 1986), e nem por isso deixa de ser atual em sua abordagem temática. De outro dos maiores mestres roteiristas de quadrinhos, Frank Miller. É o trabalho dele que influenciou os novos filmes de Batman que temos visto. Batman: o Retorno do Cavaleiro das Trevas (Batman: The Dark Night Returns) e Batman: Ano Um (Batman: year one) – que, desmembradas e reunidas ao estilo Hollywood, vieram a se tornar a nova trilogia do homem morcego, a ser completada esse ano com seu novo filme, além de Sin City, Os 300 de Esparta e vários trabalhos para DC em Batman e para a Marvel em Demolidor (e muitos podem dizer: a melhor fase do Demolidor foi com Miller escrevendo). Miller acumula premios literários diversos, e suas obras sempre tem excelente aceitação pela crítica e público. Além de tudo ele desenha também. Sin City e Batman: o Retorno do Cavaleiro das Trevas são exemplos do trabalho dele com o lápis além do roteiro.

Mas em Elektra: Assassina, Miller juntou-se ao artista Bill Sienkiewicz, com o qual já havia trabalhado antes em uma edição especial de Demolidor (Daredevil: Love and War, também de 1986). Sienkiewicz já ganhou um Eisner Award (o Oscar dos Quadrinhos atualmente) em 2004 por sua antologia e um Kirby Award (predecessor do Eisner Award) em 1987 justamente por seu trabalho em Elektra: Assassina (Melhor Artista), além de vários outros premos em sua carreira. Dono de um estilo que mistura tintas a óleo, colagens e até mimiografia, mostra um resultado único e extremamente expressivo.

O que não poderia sair de duas mentes como essas? Evidentemente tudo, menos o usual.

Elektra é criaçao de Frank Miller. Ela apareceu pela primeira vez nas páginas de Demolidor durante o início da decada de 80. Na epoca de Elektra: Assassina, a personagem estava morta, então Miller a revisitou em tepos anteriores e o que ele fez foi dar um mergulho na pisquê e nos sentimentos da personagem. Uma obra surreal que passeia entre as mentes dos protagonistas de forma tão sutil que a saga toda não parece nada mais que um sonho. Reforçada pelo magnífico trabalho de Sienkiewicz, Miller retrata as capacidades inigualáveis de Elektra, seu treinamento ninja, controle mental, físico e sua mórbida e letal destreza de assassinar qualquer um na busca de cumprir um objetivo que ela acha justo.

Retratar a obra em poucas linhas é trabalho complexo, pois é como analisar um quadro de Salvador Dalí: significancias e razões são coisas praticamente intangíveis.

A história começa com Elektra relembrando memórias de infancia: o carinho que recebia de seu pai enquanto ainda estava no ventre de sua mãe. Ainda sob esta perspectiva, assite ao assassinato de ambos, nascendo pouco antes de sua mãe morrer, pois provavelmetne devido ao trauma de ver seu marido morto, ela havia entrado em trabalho de parto. Elektra então nascera de pais mortos. Cresceu sob abusos e enveredou para os caminhos das artes marciais. Tais memórias são flashs inconcientes, e até falsos, pois neste momento da história Elektra está presa em um hospício enquanto sofre os efeitos de uma substancia desconhecida. Após um enorme esforço para recobrar a conciência, na eminencia de ter sua mente submetida a uma lavagem cerebral, ela escapa. Ao recobrar a memória dos fatos anteriores ao hospício, lembra que tinha sido contratada para matar um presidente sulamericano. Executara o serviço, entretanto em seu funeral ela acaba descobrindo uma rede de dominio mental sobrenatural. Uma entidade chamada Besta estava controlando certos representantes políticos. Elektra reconheceu o perigo através de um odor caracteristico, pois tivera contato anos antes com esta entidade, e na época foi subjulgada por seus Tentáculos (seguidores da Besta). Os dominados pela Besta exalam um cheiro pútrido e estivera no hospício por te-la enfrentado na figura do embaixador norte americano, ao qual ela também assassinou. Porém, durante a luta acabou bebendo grandes doses do leite, que é a forma pela qual a Besta possui seus hospedeiros. É esse leite que cheira a “maionese podre” como descrito na HQ.

Em sua busca pela Besta, que agora possuia o mais bem cotado candidato a presidente dos Estados Unidos, Elektra toma “a força” um aliado: o agente John Garrett. Por meio de hipinose ou mesmo magia, ela passa a controlar os pensamentos dele. De início Garrett quer apenas vingança, pois Elektra assassinou seu parceiro e acabou por causar danos quase irreparaveis ao próprio Garrett, envolvendo-o em uma explosão que destruiu mais de 80% de seu corpo. A S.H.I.E.L.D. o reconstruiu com plásticos e metais resistentes em suas instalações na América do Sul.

Garrett, entretanto, se vê entre a cruz e a espada, pois Nick Fury não lhe dá créditos de início, dada a destruiçao que Elektra inflingiu sozinha a ele e seu parceiro e a toda uma unidade da S.H.I.E.L.D, pois ele era o único que insistia que tudo fora feito pro uma mulher ninja. Quando Garrett finalmente consegue liberaçao, não para caçar Elektra oficialmente, mas para voltar para América, sua busca pela ninja acaba em grande confusão. Na tentativa de avisar ao candidato que Elektra quer assassina-lo, ele é tomado pelo desconforto gerado pelo odor do leite que exala do político – parte da ligação que ela tem com ele o faz reconhecer, mesmo sem saber, os dominados pela Besta. Garrett não só deixa de cumprir seu intento, como passa de aliado a inimigo do governo ao começar a concordar com os planos de Elektra.

Creio que daí pra frente, o resto é história, e das boas! Varios outros personagens entram na trama e enfurecem a caça à Garrett e Elektra. Além de tudo, o final é bem surpreendente.

A crítica à máquina política e o uso quase abusivo dos clichês das Histórias em Quadrinhos são visíveis, mas é aí que reside o brilho deste conto surreal. A narrativa que nos leva por um ponto de vista totalmetne diferente e o visual esilizado e expressivo dos desenhos mostram o quanto a 9º arte é sem dúvida tão importante enquanto manifestação quanto qualquer outra.

Tive acesso a esses quadrinhos há muitos anos. Minisséries especiais assim lançadas por aqui, em seus originais pela Editora Abril, hoje são raras. Mas, mais uma vez a Panini encadernou um grande clássico e é possível encontrar em livrarias. Do contrário, vale dar uma catada nos sebos por aí! Certamente uma obra para se ter na coleção.

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