Review: A Morte de Galactus – Marvel Comics


Às vezes é irônico perceber que há vilões ainda mais poderosos que muitos heróis, com o caso do Homem Molecular. Tente imaginar poder manipular moléculas a ponto de movê-las como um todo ou em parte, transformando uma substancia em outra, desmantelar ou reconstruir estruturas, enfim: Ser possível controlar qualquer coisa que seja formado por moléculas! E Magneto com seu imenso controle sobre objetos de metal. E os exemplos são vários. Mas agora imagine um ser que está tão além da compreensão, além do conceito de bom ou mau, com poder tão imensurável que é tido como a encarnação do próprio poder.

Este é Galactus.

O mito de Galactus explica que ele é como uma força da natureza, um dos elementos que mantém tudo vivo, equilibrado. Seus porquês não são questionáveis e suas vontades não são refreáveis. Sua importancia é tão complexa que não é possível entender. E certamente o evento de sua morte é como remover uma carta base do castelo de cartas do Universo.

Mas é exatamente isso que acontece na minissérie Galactus: O Devorador, de 1999. A minissérie foi escrita por Louise Simonson, escritora da DC e da Marvel, que na época retornava à Marvel para escrever para Warlock. De morte Simonson entende, ela foi um dos roteiristas que arquitetaram toda a saga da morte e retorno do Superman, de 1994, quando o homem de aço fora morto por Apocalipse e depois de outras quatro versões tentarem tomar seu lugar, ele ressurge com seu novo corte de cabelo. Além da série Superman: O Homem de Aço (Superman: The Man of Steel), X-Factor e Power Pack. O lápis do primeiro número é de Jon J. Muth, que trabalhou com Simonsonem Havok & Wolverine: Meltdown, de 1990. Do segundo em diante é por conta do Hall da Fama dos Quadrinhos Will Eisner, John Buscema, que por muito tempo foi desenhista de Conan, o Barbaro, além de O Surfista Prateado e Thor. A arte final é por conta de Bill Sienkiewicz, apresentado a vocês com seu trabalho fantástico em Elektra: Assassina. Seu estilo inovador se faz perceptível em certas páginas onde ele parece soprar nanquim em um canudo, dando um efeito spray como sombreado.

Durante uma exposição de esculturas de heróis, da artista Alícia Masters, ex-namorada do Coisa e atualmente do Surfista Prateado, e onde quase todos heróis homenagiados estão para prestigiar, o Toupeira arma uma pequena cilada para o Coisa e o Surfista.

Pra entender: Alícia havia se separado há pouco de Ben Grimm e começado seu relacionamento com Norrin Radd, o Surfista Prateado. Aproveitando-se do clima instável entre os dois, o Toupeira tenta faze-los brigar numa típica jogada de dar um empurrão nos dois para que pensassem que um fez aquilo com o outro. Entretanto, o Coisa e o Surfista percebem a armação e simulam uma briga. Durante a encenação, o Toupeira escapou. Seu plano real era roubar toda uma estação de tratamento de esgoto para salvar seus molóides (uma raça de ajudantes particulares). No processo ele acaba destruindo o centro de convenções onde a exposiçao estava sendo realizada. Como o lugar estava cheio de heróis, como Os Vingadores e o Quarteto Fantástico, ninguém de fato se feriu.

Justamente o Quarteto e os Vingadores além do Surfista seguem no encalço do Toupeira, que conseguiu seu intento criando um campo de força que, se destruído por Susan Richards, poderia ter repercursão catastrófica e afetar a população ao redor. 

É durante a escapada do Toupeira que a coisa realmente engrena: Um meteoro é avistado pelos heróis e está em rota de colisão com o centro de Manhattan. O Único capaz de deter o objeto a tempo é o Surfista. Ele colide com o meteoro e o desvia para o espaço aberto deixado pela estação de tratamento que o Toupera havia roubado.

Tal meteoro era na verdade uma nave. Um alienígena moribundo escapa de dentro e avisa de uma forma que só o Surfista Prateado consegue ouvir:

Você quem era arauto! Atrás de mim segue... fui atacado... ELE! Ele está vindo.

Pra quem não conhece a história do Surfista, ele era conhecido como O Arauto de Galactus. O encarregado de encontrar planetas para saciar a fome de seu mestre, que só fazia chegar e devorar o planeta. 

O Surfista foi criado por Galactus para esse fim. Quando Norrin Radd se oferecu para “trabalhar” para Galactus e em troca de poupar seu planeta, ele lhe deu poderes cósmicos inigualáveis e o transformou no Surfista Prateado. Certa vez um peculiar planeta azul pareceu ser interessante aos olhos do Surfista para que seu Mestre fizesse um lanchinho. Ele desceu ao planeta para anunciar que seu fim estava próximo, que Galactus viria e o devoraria. Entretanto, com a sabedoria adquirida por singrar o universo de ponta a ponta, Norrin percebeu o imenso erro que seria destruir o planeta e os seres que nele viviam. Com ajuda do Quarteto Fantástico, o Surfista afugenta Galactus. O gigante o prende a Terra e desde então o Surfista sofre profundamente por saber quantos planetas entregou a seu mestre para serem destruídos.

Galactus está vindo mais uma vez, entretanto seus anseios são um pouco diferentes. Ele agora consome apenas a energia vital dos seres vivos do planeta e não o planeta inteiro. Desta forma, Galactus mira apenas em planetas densamente habitados, e de preferência com vida inteligente. Deixando planetas inteiros devastados e sem vida por onde passa.

O Surfista percebe o quanto isso afeta negativamente seu antigo Mestre: Galactus está enfraquecido e obsecado pela energia vital. O gigante está sendo consumido por uma droga poderosa e viciante. 

Com galactus iniciando sua destruição, os Vingadores e o Quarteto Fantástico tentam dete-lo causando danos nos sifões de sua nave por onde é abserovida a energia vital, além de conseguido implantar uma espécie de explosivo dentro da armadura do gigante. Tanto sua nave quanto sua armadura são suficientemente avariadas para que uma aparente trégua surja. Mas mesmo qualquer intento é pouco diante a magnitude de Galactus e o único que realmente pode parar a destruição é o Surfista.

Em uma derradeira conversa com Galactus, o Surfista acaba concordando novamente em ser seu arauto. O Surfista tem esperança de fazer Galactus devorar um planeta por inteiro, para que ele restaure suas forças e cesse por hora a fome por energia vital. Na terra, Richards trabalha em um novo armamento contra Galactus.

Durante mais uma viagem em busca de um planeta para seu mestre, o Surfista é avistado por uma nave Kree que o chama a bordo. O Capitão da nave propõe ao Surfista que ele atraia o gigante para o planeta Shiars. O plano do capitão secretamente é destruir os Shiars, inimigos dos Kree há muito tempo. Entretanto o Surfista percebe as más intenções dos Kree, mas também percebe uma peculiar oportunidade em atrair Galactus para aquele planeta: Os Shiars são os seres mais avançados tecnologicamente de todo universo, se há uma raça com capacidade de derrotar Galactus e cessar de vez com a destruição causada pelo gigante, são eles.

O Surfista se ve obrigado a enfrentar quase todo exército daquele planeta, pois os Shiar tem como plano mata-lo, para que não traga Galactus até alí. Percebendo a insistência do Surfista, Lilandra o deixa finalmente falar e concorda com seu plano.

Depois de segui-lo pelo epaço, Alícia Masters, vestida em uma armadura que o pórprio Surfista lhe deu, trouxe consigo os Vingadores e o Quarteto Fantástico ao planeta Shiars. Traçando um plano em conjunto com o exercito local, os heróis enfrentam Galactus.

John Buscema no lápis e 
Bill Sienkiewicz na arte-final
Numa épica batalha, o gigante já não conseguia mais ignorar as investidas dos heróis e passa a atacá-los, pois estava antes concentrado em absorver o planeta. Muitas baixas entre os Shiars, inclusive por um tempo se acreditou que o Capitão América, Visão e os Piratas Siderais haviam padecido na batalha.  E mesmo ante tantos ataques fulminantes e o revide de um Galactus desesperado (atques tal que fizeram até os Kree entram na batalha, vendo que mesmo que o gigante destruisse o planeta Shiar, o que impediria de Galactus chegar ao seu próprio planeta?), O gigante não cedia.

Novamente o único a ter a capacidade derrotar Galactus era o Surfista, que alcançou seu objetivo disseminando um vírus programado por Reed Richards nos sistemas da nave principal de Galactus.

No leito de morte Galactus revela que o Surfista fizera jus à sua escolha como seu arauto, pois tudo que aconceu ao Surfista até alí havia sido proposital, sabendo Galactus que sua própria morte chegaria e que as alianças e amizades do Surfista seriam capazes de mata-lo quando fosse necessário. Entretanto Galactus também revela que o horror não acabaria ali, que algo ainda pior estaria por vir.


Com Galactus morto, outra entidade do mundo Marvel surgiu: O Vigia. O que NUNCA é um bom sinal. Ele explica que Galactus devorava as trevas, e por ela foi consumido. A sua importancia ao Universo era cósmica demais para mentes mortais entenderem. E que, realmente, a morte de Galactus não cessava senão começava eventos ainda mais catastróficos.

Revelador? Certamente. Narrei a saga do início ao fim, pois não há reedição dela que eu tenha notícia. É mais um dos eventos que nenhum fã do universo Marvel poderia deixar de conhecer!

3 Responses so far.

  1. Excelente artigo. Já havia lido a saga faz um tempo e estava querendo mesmo me relembrar dos detalhes. Sua síntese foi providencial nesse caso! hehe Eu não me lembro, entretanto, dos fatos que se sucederam a essa saga... Quem surgiu mesmo depois? Foi o tal de "Fome"? E o Galactus? Chegou a ressurgir? Se puder responder, agradeceria. Se não puder, tudo bem. Entenderei. Parabéns novamente pelo artigo. Vou virar fã assíduo do Quadrinharia, pelo visto. hehe Abraços!

  2. Unknown says:

    Olá, João. Pra simplificar, Galactus resurge sim, nas páginas de O Quarteto Fantástico em 2001-2002. Entretanto o que acontece depois de sua morte é mesmo bem sinistro. Uma entidade cósmica chamada Abraxas surge com o intento de destruir os multiversos, o que inclui o universo dos nossos heróis, e a única criatura que mantinha abraxas sob controle era Galactus. Ele pretende para isso usar o Nulificador Total. Depois que Galactus (do nosso universo) foi morto, Abraxas passou a matar outros Galactus, o que começou a a deformar o tecido de espaço tempo e misturar todos os universos... Outra grande batalha, vou por na minha lista de "Reviews a fazer", com certeza!
    É possível conferir o início disso em Quarteto Fantástico Anual, de 2001. Obrigado por comentar! Fique a vontade e volte sempre!

  3. Ah, tá! Tô lembrando dessa sequência do Abraxas agora sim! Valeu mesmo por responder! Vou ficar aguardando novos reviews! Tô curtindo isso aqui! hehehe Abraços!

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