Ainda cavoucando
minhas próprias HQs no fundo do armário, tirei de lá duas edições de Batman. A
primeira é o Batman Anual nº 5, de 1996, e a outra uma edição especial lançada
pela Mythos Editora em 2001, Batman - Reinado de Terror. Esta ultima é parte do universo Elseworlds da DC, onde os heróis são
removidos de seu universo habitual e situados em cenários incomuns. Alguns destes
cenários existiram ou podem ter existido na vida real, como o caso deste que se
passa durante a revolução francesa.
O primeiro é uma história curta e
intensa que retirei das quatro existentes neste Batman anual. No outro review, falarei sobre Reinado de Terror, da Mythos.
Brinquedo Favorito (Favorite Things)
Desenhada por Steve Yeowell (desenhista
das séries 2000AD, que incluíam entre outros heróis, o mais notório Juiz Dredd
e escrita por Mark Millar, um dos mais renomados roteiristas europeus, também conhecido
pelo seu trabalho em 2000AD (curiosamente na revista há um erro de impressão, e
o nome de Millar é grafado com “e”, ficando “Miller”. Lendo o original em inglês
pude desfazer a confusão).
A história inicia com o batmóvel
movendo-se velozmente nas ruas de Gotham, algo foi roubado de dentro da mansão
Wayne e o Cavaleiro das Trevas não vai deixar barato. Mesmo depois de um duros
interrogatórios de traficantes e bandidos em vários pontos de Gotham, Batman não
acha nada que possa ter conexão com o bando que ele acredita ser especializado
em roubo de mansões.
Longe dali um museu pega fogo.
Gordon está lá e descobre que foi ato terrorista de uma gangue chamada “Alegretes”
que tem por ídolo o Coringa, e por conseguinte, odeiam Batman. Ao contactar uma
moça atacada por esse bando Alegretes, Batman enfim consegue um nome; Peças de
Xadrez. Ainda assim, a localização deste grupo é desconhecida.
Foi quando Gordon o comunica
sobre uma batida mal executada no esconderijo deste mesmo grupo, entretanto há
um refém e um policial morto. Lá, Batman derrota o líder do grupo distraindo-o
com seu “apito de morcegos” (como visto no filme). E tudo que queria saber é
onde está guardado o produto dos saques.
Em um miserável apartamento, onde
duas crianças e seu pai sobrevivem, Batman dá as caras, perguntando sobre os
produtos dos roubos. O homem, chorando, implora para que Batman não o levasse
preso, pois as crianças não poderiam ficar sozinhas, tudo o que ele queria era
o dinheiro oferecido pela gangue para esconder a mercadoria, com o qual poderia
dar de comer a seus filhos. Ele mesmo já havia devolvido as mercadorias e
denunciado a localização da quadrilha.
Tocado, Batman some tão rápido
quanto apareceu, avisando para que o homem não repetisse aquilo novamente. De
quebra, deixou em uma mesa um maço de dinheiro.
Devolta à mansão Wayne depois de
quatro dias de caçada ininterrupta, Bruce está sem eu quarto sentado no chão, a
sua volta um trenzinho de brinquedo. Alfred observou que enfim o produto do
roubo fora recuperado. Aquele trenzinho fora o último presente ganho por Bruce
de seus pais. No fim, Alfred o alerta o quão tarde é e da necessidade de
dormir. Bruce concorda, é hora de dormir.
A humanização de Batman aflora
enormemente neste pequeno conto. Sua fúria em recuperar o brinquedo que fora
roubado dado o simbolismo do mesmo e sua piedade junto ao pai que foi levado a
atos infratores pela necessidade de dar de comer a seus dois filhos. Bruce
sempre será atormentado pela falta que seus pais farão, isso explica os dois
atos motores da história. História esta curta, mas substancial. Até a próxima.